SONETO DO AMOR TOTAL
(Vinicius de Moraes)



Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.



Tranco a ti, cruel algoz, na mais encerrada parte de mim, e te faço então, o que por anos me fizeste sentir...
Vais penar por anos sem fim, numa masmorra em penumbra onde das paredes úmidas escorrem lágrimas que nunca cessam.
Sensações de frio e calor extremos irão aparecer do nada e sem saber por que, irás sentir medo e contentamento.
Teus olhos te enganarão e terás visões mil... Rostos, mãos, olhos, e bocas confusas a chamar teu nome e por todos os nomes que poderias ter, na fusão de traços alheios.
Vez ou outra sentirás a alegria do encontro das almas, mas como numa trágica separação, ironicamente te serão tirados todos os prazeres do toque, pois enclausurado haverás de ficar e saberás bem o porquê.
Nem por um instante há de ficar sem inalar um cheiro peculiar e jamais esquecido, aquele cheiro que mesmo misturado a outros não se confunde...
Colecionarás livros rabiscados, com páginas arrancadas e com declarações que vão ser pra sempre teu hino e teu conforto.
E o frio de estar só será tanto, que invadirá teu ventre e transbordará por tuas mãos e pés suados, frios de dar medo – por tal e sempre o mesmo medo teu agora fiel companheiro.
Igualzinho ao que fizeste por mim, dormirá para ver que o melhor de ti é sonho, e ainda acordado sonharás.
Flashes psicodélicos invadirão teu chão, e abismos se abrirão para te incitar ao nada, e abrirás mão ao apego do chão.
Vais ouvir cada música dedicada, cada poema recitado, cada frase... E todas as palavras ditas em declarações serão teu único alimento, e delas irás, em vão, sobreviver.
Com o tempo, teu lerdo amigo, avidamente verás os estragos das horas para quem a vida inteira esperou, e serás um e serás mil, mescla de mil faces numa configuração ilógica. E nunca mais voltarás a ser o que um dia foi.
Só assim, quem sabe, a vida me possa fazer justiça...
(Cibelly Araújo)


Deixando-te ir, fui embora e nunca mais soube voltar!

Na tentativa de fraudar-me, vou ferindo minha alma e juntando as raspas caídas do verniz que escorre de teu olhar... 
(Cibelly Araújo)

Também amo!


Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou portabandeira
de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

(
Arnaldo Antunes, Marisa Monte, Carlinhos Brown)

Foto: Salvador Dali
Ao contrário do que se pensa o tempo não é inimigo da beleza. Pensando direitinho você vai perceber que a beleza exige tempo para poder existir. Seria tudo muito frio se com o tempo, as coisas não se desgastassem.  “Panela velha não faria mais comida boa”, o nosso velho cobertor desgastado não teria nosso cheiro, e nem reconheceríamos o “chiado” da chinela de nossa velha mãe ao perceber seus passos já cansados ao se aproximar... E mais: ficaria impossível reconhecer o barulho do “carro” do papai, ou conseguir sentir-se confortável ao vestir aquela velha roupa surrada. Eu sei que muitos adorariam, mas, você já pensou como seria chato viver num mundo onde tudo parece que acabou de sair da fábrica? Entrar num museu, por exemplo, e ver as esculturas e afrescos com jeito de que acabaram de sair das mãos de seus criadores... Ou o tempo pareceria estar parado, ou os artistas deveriam ser eternos em sua produção... Mas, isso daria às coisas “aquela beleza”, aquela...?  Aquela beleza das coisas que possuem história? Não.  É por isso que a beleza exige tempo para existir.  Sem o passar do tempo, as coisas não adquiririam e nem produziriam formosura, tampouco história. Dizem que os dias parecem mais curtos e que com tanta coisa a se fazer, o “feio” quase se passa por “bonito”, afinal, ninguém tem tempo pra essas “frescuras”.  Mas as pessoas não só pensam no belo?!  Sim, só que nem sempre da forma que deveriam pensar... Na correria dos dias a gente só tem tempo para o “belo” quando é para escolher um carro novo pra comprar, ou quando é pra escolher um namorado ou namorada. E o resto? Do resto é tempo que não se quer perder, que não se pode perder...Falando nisso, você se lembra da beleza encontrada nos caminhos por onde costumava passar, quando não tinha carro? O verde das árvores, o canto dos pássaros, o cheiro das flores... Tudo isso tinha seu toque de beleza quando você “perdia” um pouco de seu tempo, parando para admirá-los. Mas as pessoas preferem o conforto dos carros; E não só isso, preferem a praticidade das comidas  fast-food esquentadas  no  “microondas”;  preferem também que suas casas fiquem perfumadas com “bom-ar” a ter um lindo jarro de flores, porque flores exigem cuidado  e tempo. Com nossas  manias de não perder tempo, consumimos mais, poluímos mais e pensamos menos. As próprias pessoas são as culpadas pelo aquecimento global que vem derretendo até seus neurônios; Estão acabando com a beleza existente na Terra, derretendo as geleiras e congelando seus próprios corações...  Reciclar tornou-se um atraso, bom mesmo é  usar,  abusar  e  jogar  fora.  Lembra  da  existência  daquelas  TV’s  que  nossos  avós  possuíam? Deveria ser uma emoção só esperar a TV  esquentar, na ansiedade de poder assistir a mais um capítulo da  novela  exibida  em  preto  e  branco.  Hoje,  tem  gente  que  simplesmente  joga  fora  sua  velha  e  útil televisão,  para  comprar  uma  outra  com  tela  de  cristal  líquido  (as  famosas  LCD).  Quem  iria  querer esperar a televisão esquentar? Nada de esquentar, temos que ser frios, gelados - somos a geração “coca-cola”! Somos a geração da praticidade dos 0800,  da rapidez,  e  apostamos, inclusive, na engenharia dos relacionamentos descartáveis, arranjados em salas de bate-papo ou por gente que vê no dinheiro e na política suja, a chance de ter um casamento (acordo) feliz.  Certamente,  muitos  já estão esquecendo  nas páginas de um livro (que nunca foi aberto), a verdadeira  “essência do amor”, que, diga-se de passagem, demanda tempo para ser conquistado  diariamente. Somos gente cheia de  stress,  que grita no trânsito, que não caminha (em vários sentidos), e ainda reclama da barriga e das altas taxas de colesterol.  Somos a geração do besteirol! Gente que pensa que a beleza está  na  estética, nas coisas novas, e que vê na velhice o horror dos que estão “ultrapassados” e castigados pelos anos.
...Correr pra dar um recado é coisa de pobre, bom mesmo é usar o celular! Esperar e enviar cartas pelos “correios” é coisa obsoleta, temos o e-mail... Falando nisso, quem se recorda  de  como era emocionante  esperar  para  ver  as  fotos  que  eram  “reveladas”  e  aproveitar  para  ver  se  alguém  saiu fazendo careta?  Estamos na era das “câmeras digitais”, e a espontaneidade das “velhas” fotos reveladas em câmaras escuras é coisa de gente brega e pobre, de fotógrafo arcaico...
Veja quão breve é  o tempo  e quão  breve é a beleza das coisas neste tempo, diante das tantas outras  agora em desuso! Nossa mãe  der repente  virou a “velha lá de casa”,  a  esposa e companheira  de jornada é a “dona encrenca”  -  linda mesmo é a “boa” da  TV  ou do bar...  Pra que sonhar  em rever  “a namoradinha do portão”? Legal é cair na balada!
Diante  disso  tudo,  você  e  eu  sabemos  que  haveriam  aqueles  que  prefeririam  seguir  o  rápido avanço das tecnologias, vendo o tempo “surfar nas ondas do nanismo”, enquanto haveriam outros, os quais lhes bastaria viver no arcaísmo... Porém, bom mesmo é acreditar que ainda há gente que sabe que a beleza exige tempo para existir, e  que  por isso segue  sua vida  aproveitando as coisas  (que a cada dia diminuem de tamanho), não deixando que as outras percam sua grandeza. É  necessário que nunca se abandone  a marcha, o passo e o caminho  que  em boa parte já  foi percorrido –  isto requer tempo e produz beleza.

(Paulo Afonso, Abril de 2007, por Cibelly Araújo).


Eu...

Como que ao ludibriar das palavras, digo que aqui conseguiria despir-me tão friamente, como que por encantamento, ou ao encantar.
As palavras... Para os que fogem delas, dou-lhes razão, mas, para os que se deleitam com seus encantamentos, eis o lugar! Onde não prometo dizer o que sou, e sim do que sou feita. Se fujo das palavras por uma mesquinhes íntima, que seja por trás delas que venha a me esconder (ou me mostrar?).
Então, como conseguir a fiel declaração do que sou, se... Como diria Nietzsche:"Falar muito de si pode ser um meio de se ocultar"...?
Aqui me mostro e me deixo ocultar.

Este espaço...

Este é só um espaço que busquei para "eternizar meus pensamentos" e, de maneira mais interativa, poder compartilhá-los junto aos meus medos, incertezas, desmistificando também o que de muito se pode pensar sobre alguém - sua imagem.

Quem sou

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Bacharel em Sistemas de Informação, pela Faculdade Sete de Setembro - FASETE, e Pós - Graduada em Informática Educacional, e Pós - graduanda em Neuropsicopedagogia. Mas, afora os "códigos" e todas as fórmulas matemáticas que a vida me deu "de presente", por referência explícita, sou mesmo Cibelly Araújo (Belly), natural de Recife/PE, porém, uma sertaneja por nata, uma apaixonada pela família... Uma eterna estudante, amante das palavras, das poesias e seus encantos. E encontro, aqui, neste "cybercanto" o espaço necessário para não deixar à cargo do esquecimento - tudo o que de mais puro habita em mim...

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Minha dança...

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Teu peito é palco dos meus ritmos, e em uníssono danço teu som [Coração que galopa em ti!] Que te seja meu ventre convidativo e te ordene a cumpri-lo em ritual. Tu que me fazes ser bailarina: umas vezes menina, outras vezes tribal. (Katyuscia Carvalho)
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